31.12.09
23.12.09
Poema de Natal
Para isso fomos feitos:
21.12.09
16.12.09
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15.12.09
27.11.09
Os mesmos erros
Carl Sagan in O Mundo Infestado de Demónios
25.11.09
19.11.09
18.11.09
É Preciso Procurar uma Só Coisa para Encontrar Muitas
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Desaparecido o fervor de uma monomania, falta uma ideia central para dar significado aos momentos interiores esparsos. Em suma, quanto mais o espírito está absorvido por um humor dominante, mais a paisagem interior se enriquece e varia. É preciso procurar uma só coisa, para encontrar muitas.
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Cesare Pavese in O Ofício de Viver
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12.11.09
O Vazio da Pressa e do Dinamismo
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A pressa, o nervosismo, a instabilidade, observados desde o surgimento das grandes cidades, alastram-se nos dias de hoje de uma forma tão epidémica quanto outrora a peste e a cólera. Nesse processo manifestam-se forças das quais os passantes apressados do século XIX não eram capazes de fazer a menor ideia. Todas as pessoas têm necessariamente algum projecto. O tempo de lazer exige que se o esgote. Ele é planeado, utilizado para que se empreenda alguma coisa, preenchido com vistas a toda espécie de espectáculo, ou ainda apenas com locomoções tão rápidas quanto possível. A sombra de tudo isso cai sobre o trabalho intelectual. Este é realizado com má consciência, como se tivesse sido roubado a alguma ocupação urgente, ainda que meramente imaginária. A fim de se justificar perante si mesmo, ele dá-se ares de uma agitação febril, de um grande afã, de uma empresa que opera a todo vapor devido à urgência do tempo e para a qual toda a reflexão — isto é, ele mesmo — é um estorvo. Com frequência tudo se passa como se os intelectuais reservassem para a sua própria produção precisamente apenas aquelas horas que sobram das suas obrigações, saídas, compromissos, e divertimentos inevitáveis.
6.11.09
4.11.09
Visita-me Enquanto não Envelheço
visita-me enquanto não envelheço
toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me
com teu rosto de Modigliani suicidado
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tenho uma varanda ampla cheia de malvas
e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores
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ver-me antes que a bruma contamine os alicerces
as pedras nacaradas deste vulcão a lava do desejo
subindo à boca sulfurosa dos espelhos
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antes que desperte em mim o grito
dalguma terna Jeanne Hébuterne a paixão
derrama-se quando tua ausência se prende às veias
prontas a esvaziarem-se do rubro ouro
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perco-te no sono das marítimas paisagens
estas feridas de barro e quartzo
os olhos escancarados para a infindável água
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com teu sabor de açúcar queimado em redor da noite
sonhar perto do coração que não sabe como tocar-te
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Al Berto in Salsugem
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27.10.09
20.10.09
Uns Práticos outros Contemplativos
Os práticos - paradoxo - vivem distantes das coisas, não as sentem, mas compreendem o mecanismo que as faz funcionar. E só ri de uma coisa quem está distante dela. Aqui está, implícita, uma tragédia: habituamo-nos a uma coisa afastando-nos dela, quer dizer, perdendo o interesse. Daqui, a corrida afanosa. Naturalmente, de um modo geral, ninguém é contemplativo ou prático de forma total, mas, como nem tudo pode ser vivido, resta sempre, mesmo aos mais experimentados, o sentimento de qualquer coisa.
19.10.09
Ninguém Sabe Coisa Alguma
Philip Roth in A Mancha Humana
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9.10.09
6.10.09
Amália
27.9.09
Tudo o que peço aos políticos
" Tudo o que peço aos políticos é que se contentem
- Jean Paulhan -
23.9.09
Os Dias Bons
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17.9.09
A Vitalidade de uma Nação
Uma nação vive, próspera, é respeitada, não pelo seu corpo diplomático, não pelo seu aparato de secretarias, não pelas recepções oficiais, não pelos banquetes cerimoniosos de camarilhas: isto nada vale, nada constrói, nada sustenta; isto faz reduzir as comendas e assoalhar o pano das fardas - mais nada. Uma nação vale pelos seus sábios, pelas suas escolas, pelos seus génios, pela sua literatura, pelos seus exploradores científicos, pelos seus artistas. Hoje, a superioridade é de quem mais pensa; antigamente era de quem mais podia: ensaiavam-se então os músculos como já se ensaiam as ideias.
16.9.09
10.9.09
Os Justos
9.9.09
8.9.09
A Nossa Arte
Amar é Raro
6.9.09
23.8.09
20.8.09
Florir
Dos que hão sempre de ficar estranhos...
.O único olhar sem interesse recebido no acaso
17.8.09
Estamos sempre ligados a algo maior
10.8.09
Os Caminhos Insondáveis do Progresso da Humanidade
O progresso não é necessário por uma necessidade metafísica: pode-se dizer apenas que muito provavelmente a experiência acabará por eliminar as falsas soluções e por se livrar dos impasses. Mas a que preço, por quantos meandros? Não se pode nem mesmo excluir, em princípio, que a humanidade, como uma frase que não se consegue concluir, fracasse no meio do caminho. Decerto o conjunto dos seres conhecidos pelo nome de homens e definidos pelas características físicas que se conhecem tem também em comum uma luz natural, uma abertura ao ser que torna as aquisições da cultura comunicáveis a todos eles e somente a eles. Mas esse lampejo que encontramos em todo o olhar dito humano é visto tanto nas formas mais cruéis do sadismo quanto na pintura italiana. É justamente ele que faz com que tudo seja possível da parte do homem, e até o fim.
Maurice Merleau-Ponty, in Signos
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4.8.09
8 / Dias Altânticos - Revival
Quem esteve na festa dos Dias Atlânticos na passada sexta-feira, não viveu um revivalismo nem uma simples recordação, viveu um encontro, um reencontro. Viveu a experiência do tempo, que pode ser tão abstrata quanto concreta. A música, o espaço e as pessoas reencontraram-se num espaço já diferente para todos. Todos sentimos que era um novo espaço, um novo tempo. Mas as pessoas e sua vontade de celebrar os bons momentos da vida foi o que prevaleceu numa noite memorável. São elos que se refazem e descobrem na partilha de coisas simples e mágicas como a noite.
Parabéns à organização e aos DJ's ... que continuam um charme, principalmente um certo rapaz grisalho de camisa branca :)
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8 / DIAS ATLÂNTICOS Revival
Naquela noite, raras foram as músicas que não davam vontade de dançar, mas esta foi a que mais gostei de ouvir
27.7.09
26.7.09
Dylan, o Poeta
Go ahead and talk about him because he makes you doubt,
Because he has denied himself the things that you can't live without.
Laugh at him behind his back just like the others do,
Remind him of what he used to be when he comes walkin' through.
He's the property of Jesus
Resent him to the bone
You got something better
You've got a heart of stone
Stop your conversation when he passes on the street,
Hope he falls upon himself, oh, won't that be sweet
Because he can't be exploited by superstition anymore
Because he can't be bribed or bought by the things that you adore.
He's the property of Jesus
Resent him to the bone
You got something better
You've got a heart of stone
When the whip that's keeping you in line doesn't make him jump,
Say he's hard-of-hearin', say that he's a chump.
Say he's out of step with reality as you try to test his nerve
Because he doesn't pay no tribute to the king that you serve.
He's the property of Jesus
Resent him to the bone
You got something better
You've got a heart of stone'cause
Say that he's a loser Ôcause he got no common sense
Because he don't increase his worth at someone else's expense.
Because he's not afraid of trying, 'cause he don't look at you and smile,
'Cause he doesn't tell you jokes or fairy tales, say he's got no style.
He's the property of Jesus
Resent him to the bone
You got something better
You've got a heart of stone
You can laugh at salvation, you can play Olympic games,
You think that when you rest at last you'll go back from where you came.
But you've picked up quite a story and you've changed since the womb.
What happened to the real you, you've been captured but by whom?
He's the property of Jesus
Resent him to the bone
You got something better
You've got a heart of stone
PROPERTY OF JESUS, Poema de Bob Dylan , 1981
25.7.09
Um momento especial
22.7.09
20.7.09
19.7.09
Encontrar o nosso lugar
18.7.09
Casticais
Nao quero mais viver do pouco
Do quem sabe sera um dia quem sabe
Viver for a do ar ter paz no ato
Viver por prazer, estar ao lado de quem se quer ver
Fazer um prato com casticais
Cabelo molhado de fato enxugar o passado
Embalar o seu corpo inteiro num trato de te prender
Pelo impulse, desejo involuntario
No nosso convivio carro quadro aquario
Piano, video noite, Mercado, o nosso filme seria amor
Night, night, night inside your eyes
Pessoas sozinhas e eu esperando voce, so voce
Night, night, night inside your eyes
Pessoas passando e eu esperando voce, por voce
Where are you now, where are you
Night night
14.7.09
12.7.09
O mundo é de quem não sente
Para agir é, pois, preciso que nos não figuremos com facilidade as personalidades alheias, as suas dores e alegrias. Quem simpatiza pára. O homem de acção considera o mundo externo como composto exclusivamente de matéria inerte - ou inerte em si mesma, como uma pedra sobre que passa ou que afasta do caminho; ou inerte como um ente humano que, porque não lhe pôde resistir, tanto faz que fosse homem como pedra, pois, como à pedra, ou se afastou ou se passou por cima.
Fernando Pessoa, in O Livro do Desassossego
8.7.09
6.7.09
É tempo de Sophia ... a eternidade luminosa
O importante é o que fazemos
1.7.09
A Obrigação da Verdade
30.6.09
23.6.09
Notas da Vida
1. Cada um de nós não tem de seu nem de real senão a sua própria individualidade.
2. Aumentar é aumentar-se.
3. Invadir a individualidade alheia é, além de contrário ao princípio fundamental, contrário (por isso mesmo também) a nós mesmos, pois invadir é sair de si, e ficamos sempre onde ganhamos (Por isso o criminoso é um débil, e o chefe um escravo.) (O verdadeiro forte é um despertador, nos outros, de energias deles. O verdadeiro mestre é um mestre de o não acompanharem.)
4. Atrair os outros a si é, ainda assim, o sinal da individualidade.
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Fernando Pessoa, in Reflexões Pessoais
22.6.09
O Bem e a ideia de infinito
18.6.09
A Ambição de Eternidade
16.6.09
15.6.09
Os Amantes não Contam Nada de Novo uns aos Outros
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E então é impossível reconhecer uma pessoa ou uma coisa sem relação connosco próprios, pois o acto de tomar conhecimento toma das coisas qualquer coisa; mantêm a forma, mas parecem desfazer-se em cinzas por dentro, algo delas se evapora, e o que resta é apenas a sua múmia. É por isso também que não existe verdade para os amantes; seria um beco sem saída, um fim, a morte do pensamento que, enquanto estiver vivo, se assemelha à fímbria arfante de uma chama, onde se abraçam a luz e a escuridão. Como pode uma coisa iluminar onde tudo é luz? Para quê a esmola do que é seguro e inequívoco onde tudo é plenitude? E como podemos ainda desejar alguma coisa só para nós, ainda que seja aquilo que amamos, depois da experiência que nos diz que os amantes não se pertencem, mas têm de se dar em oferenda a tudo o que vem ao seu encontro e se oferece aos seus olhares entrelaçados?"
Robert Musil, in O Homem sem Qualidades
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5.6.09
O Medo De Nós Próprios
Oscar Wilde in O Retrato de Dorian Gray
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3.6.09
1.6.09
30.5.09
28.5.09
Moon River
Moon River, wider than a mile,
I'm crossing you in style some day.
Oh, dream maker, you heart breaker,
wherever you're going I'm going your way.
Two drifters off to see the world.
There's such a lot of world to see.
We're after the same rainbow's end-
waiting 'round the bend,
my huckleberry friend,
Moon River and me.
Letra de Johnny Mercer, Música de Henry Mancini
Silêncio
27.5.09
26.5.09
Deslizar tranquilamente
A morte é apenas uma consequência da nossa maneira de viver. Vivemos de pensamento em pensamento, de sensação em sensação. Os nossos pensamentos e as nossas sensações não correm tranquilamente como um rio, «ocorrem-nos», caem em nós como pedras. Se te observares bem, sentirás que a alma não é algo que vai mudando de cor em gradações progressivas, mas que os pensamentos saltam dela como algarismos saindo de um buraco negro. Neste momento tens um pensamento ou uma sensação, e no seguinte aparece outro, diferente, como que saído do nada. Se deres atenção, até podes sentir o instante entre dois pensamentos, quando tudo se torna negro. Esse instante, uma vez apreendido, é para nós o mesmo que a morte.
Pois a nossa vida resume-se a definir marcos e a saltar de um para o outro, diariamente, passando por milhares de instantes de morte. De certo modo, vivemos apenas nos pontos de repouso. É por isso que temos esse medo ridículo da morte irreversível, porque ela é, em absoluto, o lugar sem marcos, o abismo insondável em que caímos. Na verdade, ela é a negação absoluta daquela maneira de viver. Mas isto só é assim quando visto da perspectiva desta vida, apenas para aqueles que não aprenderam a sentir-se de outro modo, a não ser de instante em instante. Chamo a isso o mal saltitante, e o segredo está apenas em superá-lo. Temos de despertar em nós a sensação de que a vida é algo que desliza tranquilamente. No momento em que isso acontecer, estamos tão próximos da morte como da vida. Já não vivemos - à luz dos nossos conceitos terrenos -, mas também já não podemos morrer, pois com a vida superámos também a morte. É o momento da imortalidade, o momento em que a alma sai da estreiteza do nosso cérebro para entrar nos maravilhosos jardins da sua vida.
Robert Musil, in O Jovem Torless