Mulher morena,
morena,
manjar delicado, sorriso
da água,
teu peito não sabe
de mágoas,
teus olhos não sabem
de lágrimas.
morena,
manjar delicado, sorriso
da água,
teu peito não sabe
de mágoas,
teus olhos não sabem
de lágrimas.
Porque és a mulher mais morena,
a mais bela,
a minha rainha,
deixo a água do amor
arrastar-me na corrente,
deixo a paixão, a tormenta,
levaram-me até ao manto
que te cinge os ombros
e a saia revôlta
que abraça os teus músculos.
Quando é dia, já não pode
chegar outra noite;
abandona-me o sono
e a aurora não chega.
Tu, minha rainha,
ó senhora minha,
já não quererás
pensar em mim quando
o leão e o lobo
venham devorar-me
no cárcere fundo
cá onde me encontro,
nem quando saibas
que estou condenado
a não ver mais mundo,
ó senhora minha,
tu, minha rainha?
in «Poemas Ameríndios», Poemas Mudados
para Português por Herberto Helder
Lisboa: Assírio & Alvim, 1997
para Português por Herberto Helder
Lisboa: Assírio & Alvim, 1997
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