20.8.09

Florir


O florir do encontro casual
Dos que hão sempre de ficar estranhos...
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.O único olhar sem interesse recebido no acaso
Da estrangeira rápida ...

.O olhar de interesse da criança trazida pela mão
Da mãe distraída...

. As palavras de episódio trocadas
Com o viajante episódico
Na episódica viagem ...

.Grandes mágoas de todas as coisas serem bocados...
Caminho sem fim... .

Álvaro de Campos in Poemas

17.8.09

Estamos sempre ligados a algo maior

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Estamos sempre ligados a algo maior, ao conjunto de tudo, a elos que se entrecruzam infinitamente. Em cada simples gesto, em cada pensamento, em cada olhar, em cada palavra ou silêncio ligamo-nos e influenciamos o pulsar do todo.
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10.8.09

Os dias bons

Sophia de Mello Breyner


Os Caminhos Insondáveis do Progresso da Humanidade

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O progresso não é necessário por uma necessidade metafísica: pode-se dizer apenas que muito provavelmente a experiência acabará por eliminar as falsas soluções e por se livrar dos impasses. Mas a que preço, por quantos meandros? Não se pode nem mesmo excluir, em princípio, que a humanidade, como uma frase que não se consegue concluir, fracasse no meio do caminho. Decerto o conjunto dos seres conhecidos pelo nome de homens e definidos pelas características físicas que se conhecem tem também em comum uma luz natural, uma abertura ao ser que torna as aquisições da cultura comunicáveis a todos eles e somente a eles. Mas esse lampejo que encontramos em todo o olhar dito humano é visto tanto nas formas mais cruéis do sadismo quanto na pintura italiana. É justamente ele que faz com que tudo seja possível da parte do homem, e até o fim.

Maurice Merleau-Ponty, in Signos

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4.8.09

8 / Dias Altânticos - Revival


O revivalismo é quase sempre inglório, principalmente quando se tenta viver o que já foi vivido. Mas quando se recorda, o cérebro não faz a distinção entre passado e presente, vive-se, por momentos, algures num espaço-pensamento, o que já se viveu.
Quem esteve na festa dos Dias Atlânticos na passada sexta-feira, não viveu um revivalismo nem uma simples recordação, viveu um encontro, um reencontro. Viveu a experiência do tempo, que pode ser tão abstrata quanto concreta. A música, o espaço e as pessoas reencontraram-se num espaço já diferente para todos. Todos sentimos que era um novo espaço, um novo tempo. Mas as pessoas e sua vontade de celebrar os bons momentos da vida foi o que prevaleceu numa noite memorável. São elos que se refazem e descobrem na partilha de coisas simples e mágicas como a noite.
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Parabéns à organização e aos DJ's ... que continuam um charme, principalmente um certo rapaz grisalho de camisa branca :)
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8 / DIAS ATLÂNTICOS Revival

Naquela noite, raras foram as músicas que não davam vontade de dançar, mas esta foi a que mais gostei de ouvir