29.1.10

Os Objectos são Consoladores

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Talvez os objectos sejam consoladores. Em especial os antigos, feitos de barro, feitos por homens com outra mentalidade. Os objectos são aquilo que não somos, aquilo que nunca chegaremos a ser. Será que as pessoas fazem as coisas para definir os limites da personalidade? Os objectos são os limites de que necessitamos desesperadamente. Mostram-nos onde terminamos. Dissipam temporariamente a nossa tristeza.

Don DeLillo in Os Nomes
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28.1.10

Remember

Emily Dickinson
Amherst, Massachussetts 10 -12-1830 / 15-05-1886

Os Dias Bons


25.1.10

Os Dias Bons


É Absurdo Falar da Ignorância da Juventude

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Para recuperar a minha juventude era capaz de fazer tudo no mundo, excepto ginástica, levantar-me cedo, ou ser respeitável. A Juventude! Não há nada que se lhe compare. É absurdo falar da ignorância da juventude. Hoje em dia só tenho algum respeito pelas opiniões das pessoas muito mais novas do que eu. Parecem-me estar à minha frente. A vida revelou-lhes a sua última maravilha. Quanto aos velhos, contradigo-os sempre. É uma questão de princípio. Se lhe pedirmos opinião sobre uma coisa que aconteceu ontem, eles dão-nos solenemente as opiniões correntes em 1820, quando as pessoas usavam golas altas, acreditavam em tudo e não sabiam absolutamente nada.
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Oscar Wilde in O Retrato de Dorian Gray
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21.1.10

20.1.10

A Minha Religião é o Novo


A minha Religião é o Novo.
Este dia, por exemplo; o pôr do Sol,
estas invenções habituais: o Mar.
Ainda: os cisnes a Ralhar com a água. A Rapariga mais bonita que
ontem. Deus como habitante único.
Todos somos estrangeiros a esta Região, cujo único habitante
verdadeiro é Deus (este bem podia ser o Rótulo do nosso Frasco).
Dele também se podia dizer, como homenagem:
Hóspede discreto.
Ou mais pomposamente:
O Enorme Hóspede discreto.
Ou dizer ainda, para demorar Deus mais tempo nos lábios ou
neste caso no papel, na escrita, dizer ainda, no seu epitáfio que
nunca chega, que nunca será útil, dizer dele:
em todo o lado é hóspede,
e em todo o lado é Discreto.
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Gonçalo M. Tavares in Investigações. Novalis

19.1.10


Inverno em Paris (correio dos leitores)

Inverno em Paris

(correio dos leitores) recebido por e-mail de António Oliveira e Silva
Paris, Janeiro de 2009

18.1.10

Os dias bons

Times Square Kiss, fotografia de Alfred Eisenstaedt,
lembra-nos o fim da Segunda Guerra Mundial

16.1.10

Olhar-limite

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Todos os dias te trazem e não te vejo
Como poderei ver-te na tua imagem?
É um olhar de um só lado, um olhar-limite
A tua ausência de vida entranha-se na nossa pele
O nosso sorriso tem rasgos de loucura
No rosto esfuma-se a história do rosto
A banalidade da tua morte é o vazio da nossa vida
A inquietude cresce, como se brotasse da terra
Vive-se no centro de uma gravidade
Velocidade concêntrica que arrasta e dispersa
Todos os lugares são o centro de qualquer coisa
Trazem-te e levam-te como se não fosses real
Como poderei falar-te da tua imagem?
O meu olhar em ti é uma forma à deriva
uma cinza que se move
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MMMJB

14.1.10

Ser Independente

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Ser independente da opinião pública é a primeira condição formal para realizar qualquer coisa grandiosa ou racional, tanto na vida como na ciência. Com o tempo, este feito será seguramente reconhecido pela opinião pública, que na altura conveniente o transformará em mais um dos seus preconceitos.
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Georg Hegel (1770-1831) in Filosofia do Direito

13.1.10

Trança

Campos do Café, Karnataka State, Sul da Índia, Janeiro de 2004
Fotografia de Sebastião Salgado

7.1.10

Os Melhores Momentos do Amor

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Nos transportes do amor, na conversa com a amada, nos favores que recebes dela, até nos mais extremos, vais mais em busca da felicidade do que à tentação de provar isso de que o teu coração agitado sente uma grande falta, um não-sei-quê de menos do que ele esperava, um desejo de algo, mesmo de muito mais. Os melhores momentos do amor são aqueles de uma tranquila e doce melancolia em que choras e não sabes porquê, e te resignas quase na quietude a um infortúnio que desconheces. Nessa quietude, a tua alma está quase cumulada, e quase sente o gosto da felicidade. Assim como no amor, que é o estado da alma mais rico de prazeres e ilusões, a melhor parte, a via mais correcta para o prazer e para uma sombra de felicidade é a dor.
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(...) Quando um homem concebe o amor, o mundo inteiro se dissipa aos seus olhos, ele não vê nada além do ser amado, está no meio da multidão, das conversas, em plena solidão, abstraído, fazendo os gestos que lhe inspira esse pensamento sempre imóvel e muito poderoso, sem se preocupar com a surpresa nem com o desprezo alheios, ele se esquece de tudo e tudo lhe parece tedioso sem esse único pensamento, essa única visão. Nunca tive a experiência de um pensamento que solta a alma com tanto poder de todas as coisas que a circundam quanto o amor, e quero dizer que na ausência do ser amado, na presença de quem não se pode dizer o que acontece, com excepção, por vezes, do grande medo, que a rigor poderia ser-lhe comparado.

Giacomo Leopardi (1738-1937) in Pensamentos Diversos

Os Dias Bons

Monsanto, Dezembro de 2009

5.1.10

Iluminar o Novo Ano



Mozart: Piano Concerto No. 21 in C, K. 467- 3rd Movement