28.10.11

Vive-se Quando se Vive a Substância Intacta

Vive-se quando se vive a substância intacta

em estar a ser sua ardente harmonia

que se expande em clara atmosfera

leve e sem delírio ou talvez delirando

no vértice da frescura onde a imagem treme

um pouco na visão intensa e fluida

E tudo o que se vê é a ondeação

da transparência até aos confins do planeta

E há um momento em que o pensamento repousa

numa sílaba de ouro É a hora leve

do verão a sua correnteza

azul Há um paladar nas veias

e uma lisura de estar nas espáduas do dia

Que respiração tão alta da brisa fluvial!

Afluem energias de uma violência suave

Minúcias musicais sobre um fundo de brancura

A certeza de estar na fluidez animal



António Ramos Rosa in Poemas Inéditos

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