No Médio Oriente as cadeiras do poder estão a cair ou a tremer. Quem suspeitaria que tal pudesse acontecer? Como uma onda incontrolável que se propaga, uma vontade de mudança levantada sobretudo por jovens estudantes, vai atravessando as fronteiras através de um eco invisível das redes de comunicação.
Por um lado, as cadeiras do poder são sempre mais frágeis do que supomos, por outro, os meios de comunicação ajudam a atear a propagação de uma ideia que nem sempre corresponde à vontade real de um país. Toda a gente queria estar na praça Tahrir no momento da "libertação", sabendo que o mundo inteiro estava com os olhos postos naquele lugar. De repente, aquelas pessoas descobriam um novo sentimento de pertença a uma causa, sentiam que estavam a existir aos olhos do mundo e existir aos olhos do mundo é empolgante.
As cadeiras do poder do Médio Oriente estavam decrépitas, estagnadas no tempo. Todavia, a mim, parecia-me que iriam continuar "nesse mundo à parte" indeterminadamente, sutententadas, quem sabe, por o que chamam "o inimigo". Talvez por isso, tudo o que se está a passar me pareça estranho, compreensível, mas estranho. Não há muito tempo chegava-nos do Médio Oriente imagens que nos diziam o contrário. É verdade, somos tão manipulados pela imagem, porque somos isso mesmo, imagem. O que existe num outro lugar distante é a imagem.
Estou em comunhão com estas vozes que se levantam. É com grande alegria que vejo e leio notícias destes novos tempos no berço da civilização ocidental. Mas e o que virá depois? Quem são estas pessoas que querem a libertação, que ideias têm para os seus países, que sonhos sonharam? Que dimensão terão? Será um pulsar, uma vontade de um país inteiro? E quem estará agora a preparar o seu alcance ao poder?
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