Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que
voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia
do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela
exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos
amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela
liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e
fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te
invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas
mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do
algoz,
Abre as portas da História,
deixa
passar a Vida!
Natália Correia(1923-1993) in Inéditos (1985/1990)
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