11.7.13

O Homem e a Máquina


À técnica seria absurdo que a recusássemos, lhe recusássemos a espantosa facilitação da vida, por mais que a essa vida ela perturbe - como aos seus doutrinadores. Uma máquina é pura, desde a inocência com que se nos revela, ou seja precisamente a exterioridade em que se nos dá. Mas uma inocência é uma abertura à realização do que o não é. O destino de uma máquina tem o destino que lhe dermos, e um dos piores é o finalizá-la nela própria. Assim e para lá da criação do seu próprio espaço, por uma máquina, da alteração que a sua própria existência em nós promove, todo o problema se decide no lugar-comum desta alternativa: remeter a máquina ao homem ou degradar o homem à máquina. 


Vergílio Ferreira in Invocação ao Meu Corpo

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