23.7.13

Os Amigos Infelizes

Andamos nus, apenas revestidos 
Da música inocente dos sentidos. 

Como nuvens ou pássaros passamos 
Entre o arvoredo, sem tocar nos ramos. 

No entanto, em nós, o canto é quase mudo. 
Nada pedimos. Recusamos tudo. 

Nunca para vingar as próprias dores 
Tiramos sangue ao mundo ou vida às flores. 

E a noite chega! Ao longe, morre o dia... 
A Pátria é o Céu. E o Céu, a Poesia... 

E há mãos que vêm poisar em nossos ombros 
E somos o silêncio dos escombros. 

Ó meus irmãos! em todos os países, 
Rezai pelos amigos infelizes! 

Pedro Homem de Mello in "Os Amigos Infelizes"

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