27.6.13

Vimos do Tempo da Falta Mínima

Vimos do tempo da falta mínima 
da casa construindo as folhas de quadrícula 
(quando um traço mais que expressivo preenche 
o vazio de uma folha) 
nem beleza nem fim 
nem número ordenador como fantasma. 

Todas as memórias partilhámos 
a ruína compreende tudo. 
Compreender quer dizer abraçar 
(linhas e cruzamentos na procura da folha) 
o mundo inteiro nos é dado. 

Mais tarde (mais além 
dois furos a passagem para o útil) 
as dunas darão lugar a campos cultivados? 
Quero dizer 
não rejeito do movimento toda a impaciência 
toda a dissolução. 
(pouco a pouco) Até onde podemos ir? 

João Miguel Fernandes Jorge in Vinte e Nove Poemas

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