Eu sei que de pouco adiantam as explicações psicológicas como forma de ultrapassar os desaires amorosos. Mais ainda, o que pensávamos ser uma "maldição de amor" ou um tendência própria, tem afinal um nome de doença e é, portanto, vulgar no ser humano. Ora aqui está uma doença que me assenta que nem uma luva e que é descrita por Alain Botton após um desenlace infeliz:
" Mas que maldição caira sobre mim? Nada mais do que uma incapacidade de estabelecer relações felizes, provavelmente a pior desgraça que recai sobre a sociedade moderna. Expulso da luxuriante floresta do amor, sentia-me impelido a vaguear pela Terra até ao dia da minha morte, incapaz de me livrar da minha compulsão para afugentar aqueles que amava. Tentei encontrar um nome para esse mal e achei-o na descrição psicanalítica de compulsão repetitiva, definida como:
... processo incontrolável com origem no inconsciente. Em resultado das suas acções, o sujeito coloca-se em situações confrangedoras, repetindo assim uma antiga experiência, embora não recorde esse protótipo; pelo contrário, tem a forte impressão de que a situação foi inteiramente determinada pelas circunstâncias do momento.
(...) ou seja é o inconsciente, o preverso director de casting do meu drama interior, que a considerou adequada para o papel de alguém que sai de cena depois de infligir a dose de sofrimento requerida".
Mas agora digam-me lá como se faz um casting que mude esta repetição?
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